Reciclagem

Recolha e Reciclagem: Fim de Vida de Painéis Fotovoltaicos

A utilização da tecnologia de painéis fotovoltaicos (PFV) cresceu drasticamente nos últimos anos, tendo sido instalados em grande escala, na maioria dos países, desde meados da década de 2000 (ver Fig. 1). A evolução do mercado dos PFV é muito rápida e grandemente influenciada pelas políticas ambientais de uso de energia renovável, que estão em constante actualização.

Fig. 1 – EU 27. Capacidade instalada cumulativa de energia solar fotovoltaica (Fonte: SolarPower Europe (2020): EU Market Outlook for Solar Power 2020-2024)

Os PFV passaram a estar no âmbito dos resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos (REEE) a partir de Agosto de 2012, com a publicação da Directiva 2012/19/EU. Em Portugal, através da transposição para a legislação nacional pelo Decreto-Lei nº 67/2014, de 7 de maio, estes equipamentos passaram a estar incluídos na categoria 4 dos REEE – equipamentos de grandes dimensões, e a sua colocação no mercado é declarada pelos produtores de equipamentos eléctricos e eletrónicos (EEE) de forma desagregada.

Qual o tempo de vida útil dos painéis fotovoltaicos? ⌛

Diversos estudos e relatórios desenvolvidos sobre este tema apontam para um tempo de vida médio dos PFV entre 15 a 20 anos. O longo tempo médio de vida, associado à recente introdução no mercado deste tipo de equipamentos, resulta num grande desfasamento entre os PFV que entram cada ano no mercado e os PFV que aparecem como resíduos disponíveis para recolha.

A quantidade de painéis fotovoltaicos colocada cada ano no mercado contribui para o cálculo da taxa de recolha, aumentando significativamente o denominador. A partir de 2019 a meta nacional de recolha de REEE traduz-se em 65 % do peso médio dos EEE colocados no mercado nos três anos anteriores ou, alternativamente, 85 % dos REEE gerados em Portugal.

É assim fácil de perceber que, com um ciclo de vida superior à maioria dos restantes EEE, a quantidade que chega a fim de vida é ainda muito limitada, pelo que a sub-categoria dos PFV apresenta uma taxa de recolha muito baixa, tendo de ser largamente compensada por outros REEE da categoria 4 para se atingir a taxa de recolha de 65%.

O que fazer aos Painéis Solares em Fim de Vida? ♻️

O Estudo UNITAR, estima que o impacto dos PFV na meta de recolha é, em média, de 0,6 kg/habitante em 2018, ou 4% da taxa de recolha total, mas a quantidade pode ser maior para países individuais, pois existem diferenças expressivas entre eles.

A expansão actual do mercado fotovoltaico irá representar um aumento de resíduos deste tipo de equipamento no futuro. A reciclagem de PFV não só reduz o desperdício e contribui para a preservação de recursos, como também apresenta um potencial de redução do uso de energia e das emissões relacionadas com a produção de material virgem. Isto pode ser particularmente significativo para matérias-primas com altos níveis de impurezas, que muitas vezes requerem um pré-tratamento de uso intensivo de energia para atingir os níveis de pureza exigidos, ou para matérias-primas críticas como o índio, o gálio e metais preciosos.

Não existem ainda muitas instalações dedicadas ao tratamento de PFV na Europa e existe ainda escassa informação sobre o tipo de tratamento adequado, sendo este também um mercado em franco desenvolvimento, com forte apoio para estudos de investigação e desenvolvimento com vista a incrementar os níveis de desempenho da tecnologia e taxas de reciclagem alcançadas.

É assim necessário o envolvimento de todos os atores, nomeadamente os gestores de parques de PFV, empresas de manutenção e instalação e associações nacionais ou internacionais de empresas que actuam em Portugal com vista ao incremento da recolha de PFV em fim de vida de modo a garantir o seu correcto encaminhamento para destino final. O Electrão está disponível para a recolha, a título gratuito, destes equipamentos, salvaguardando o seu encaminhamento para destino ambientalmente adequado.

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Artigo escrito pelos especialistas convidados: Pedro Nazareth – Diretor Geral do Electrão – Associação de Gestão de Resíduos e Susana Ferreira, Operations Manager no Electrão – Associação de Gestão de Resíduos.

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