Entrevistas

Caso de sucesso: Instalação de Sistemas Fotovoltaicos na Delta Cafés no Beato

Fique a conhecer melhor a instalação fotovoltaica na Delta Cafés e a sua visão sobre a energia solar na nossa cidade!

1. Que tipo de sistema fotovoltaico está instalado na cobertura da Delta Cafés no Beato?

Na cobertura da Delta Cafés do Beato está instalado um sistema de autoconsumo com 50 kW com venda de excedentes à rede, designado de UPAC – unidade de produção para autoconsumo, num total de 212 módulos fotovoltaicos.

2. Os painéis fotovoltaicos estão instalados de forma a acompanhar a inclinação de parte da cobertura, apesar de a sua orientação não ser exatamente a sul, o que promove a sua estética. Mas nem toda a cobertura foi utilizada, porquê?

A estética do projeto é relevante e tem sido uma preocupação da Delta instalar o mais uniforme possível com a edificação. Neste caso, foram evitadas estruturas metálicas, não só pelo custo adicional associado, como também pelo vento frequentemente intenso que se faz sentir no local e que poderia danificar o sistema ao ter um efeito de “vela”. Por outro lado, optou-se por esta configuração também pelo resultado dos estudos de sombreamento realizados e comtemplando a necessidade de intervenções futuras, como a colocação de claraboias ou um aumento de potência do sistema no futuro. O projeto tem sido desenvolvido acompanhando as necessidades de energia da empresa e, por isso, de início não se cobriu a totalidade da cobertura.

3. Costumam recorrer a algum software de monitorização da produção solar? E com que frequência é realizada a manutenção do sistema fotovoltaico?

É utilizada a aplicação NetEco que, para além de todas as estatísticas necessárias à produção – lançamento de excedentes na rede, produções horárias, ciclos de produção, entre outros – permite visualizar a potência instantânea que o sistema está a produzir. Também é fornecida informação sobre a “energia vitalícia”, isto é, o que foi produzido desde o início do projeto. Através da app, confirmamos que mesmo em dias nublados, apesar de tudo, existe produção, a qual é aproveitada. (tal como foi no momento da entrevista, em que o sistema estaria a produzir cerca de 2 kVA sem sol). O contrato de manutenção e gestão está celebrado com a empresa KeepOn, que prontamente intervém quer seja devido à avaria num disjuntor, quer num painel avariado ou parte do sistema que esteja suja, provocando a redução da produção. A monitorização é fundamental na energia solar, vai além da colocação dos painéis, uma vez que o sistema não terá tanta rentabilidade se não for limpo e mantido. Neste caso, com mais de 4 anos, os painéis estão com uma capacidade produtiva na ordem dos 98%, sendo apenas necessário intervir na sua substituição apenas quando começarem a diminuir dos 85%. Estão ótimos porque nós os mantemos e esta é uma mensagem que eu passo a todos os meus colegas!

4. Este sistema foi instalado há cerca de 5 anos, mas desde então o preço do solar fotovoltaico tem vindo a diminuir significativamente. Qual foi o valor do investimento inicial deste sistema?

Em 2018, no ano de instalação, a necessidade energética da empresa não era a mesma que atualmente, passados quase 5 anos, e por isso foi instalada uma potência inferior à total capacidade da cobertura. Esta instalação representou um investimento de cerca de 43 mil €, estando muito próximo do retorno financeiro.

5. Quais consideram ser as principais vantagens da produção de eletricidade solar a nível local, e a nível da cidade, e de que modo esta instalação fotovoltaica tem influenciado as atividades no interior do edifício?

A primeira razão que conduziu à entrada no projeto e à intenção de vir a ampliá-lo, multiplicá-lo e acelerá-lo foi o projeto sustentabilidade da Delta Cafés, onde está incluída uma meta muito importante: a redução significativa da pegada carbónica. A Delta tenciona obter resultados em linha com aquilo que a sociedade espera da empresa, naturalmente com um equilíbrio entre custos e a rentabilidade. Também quer garantir que olha para o futuro de uma forma muito mais sustentável do que olhava para o passado. Ou seja, e como dizem os nossos líderes, não chegam as palavras são precisos os atos e são eles que determinam o resultado do compromisso social e empresarial que nós temos.

6. Enquanto empresa de referência no setor, e que subscreve o Compromisso Verde Lisboa – Empresas & Organizações, qual a vossa visão sobre a energia solar fotovoltaica e quais são os planos futuros da Delta Cafés para aumentar o seu recurso à energia solar em Lisboa? E no país?

A empresa encontra-se numa fase de análise para a expansão deste grupo painéis, pretendendo praticamente duplicar os 50 kW de potência nominal já instalada. Está a ser pensado um crescimento de 72% ou 100%, que corresponde à capacidade física da cobertura e às crescentes necessidades da empresa. A par com o desenvolvimento do projeto de mobilidade elétrica, havendo cada vez mais viaturas a carregar dentro das instalações, acreditamos que faz todo o sentido apostar mais na instalação da tecnologia fotovoltaica, cada vez mais fácil e acessível. Assim, no dia em que for possível armazenar a eletricidade solar, poderá atingir-se a neutralidade. Esse será um grande objetivo para este edifício, pois existe sempre consumo noturno sem produção solar. A questão do carregamento das viaturas e do armazenamento de energia são, contudo, dois assuntos muito complexos que continuamos a acompanhar. A Delta já possui uma primeira unidade em Évora onde está a testar o modelo de armazenagem para carga noturna das viaturas, não estando ainda totalmente consolidado.

7. Lisboa tem inscrita no seu Plano de Ação Climática a meta de 103 MW fotovoltaicos na cidade até 2030. Qual a vossa visão para esta Lisboa mais solar, e como vêm a vossa contribuição para o alcance desta meta?

Sendo esta a única instalação que temos em Lisboa, por todo o país a empresa tem o grande objetivo de chegar a 2025 com o conjunto das unidades todas cobertas por captação de energia solar. Além disso, a possibilidade de fornecer energia a alguns dos nossos clientes, no âmbito do enquadramento das comunidades de energia, seria muito interessante e é algo que irá ser estudado. Não é um caminho simples, mas como dizia muitas vezes o doutor Rui Miguel: É preciso errar muito para acertar. Além das coberturas, estão a ser efetuados os primeiros testes para a instalação de sombreamento do parqueamento de forma a carregar diretamente as viaturas, sendo muito provável que a Delta venha a implementar também este tipo de configuração. Em 2025, será o ano que todas as instalações terão de estar equipadas com captação de energia solar.

8. Da sua experiência, o que diria a outros decisores que estão a considerar, e também aos que ainda não consideraram, a instalação de sistemas solares fotovoltaicos nas suas organizações?

Temos a obrigação de antecipar o futuro. É preciso fazer estudos, instalar, acompanhar, cometer erros e corrigir esses erros, e tudo isto leva tempo, por isso, não percam mais tempo e antecipem o futuro. Se o fizermos agora, 2030 será muitíssimo mais fácil.

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